terça-feira, 19 de outubro de 2010

AS FALSAS MOTOCICLISTAS




Ser motociclista não é para qualquer mulher.Não é qualquer uma que aguenta a vida na estrada sem reclamar, aliás, conheço muitas mulheres que tentam acompanhar os maridos e não conseguem, ás vezes por conta do luxo, outras por capricho e é claro que existem aquelas que não gostam mesmo e quando o marido pede para acompanhá-lo, ela prontamente tem uma resposta:
-Amor, me desculpe!Hoje preciso cuidar da casa e não há quem fique com as crianças!
É lógico que esta, nunca vai admitir para o marido que odeia a estrada, que odeia ter que usar o capacete, que perderá toda a escova mega-ultra-power-lisa que acabara de fazer no salão e sem contar as  luvas...jamais!Usar luvas estragaria o esmalte...É fato!
Tem mulheres que conseguem ir além disso:Odeiam o ronco da moto!E isso é crucial!Dizer para o marido motociclista que não suporta o ronco da moto é quase que pedir o divórcio!
Esse tipo de mulher “falsa motociclista” está por toda parte.Eu particularmente tenho um faro mais do que especial para detectar esse tipo:


O Capacete
Muitas vezes, tudo começa pela cor do capacete: Capacete cor de rosa é indício de mulher frágil, e frágil é uma das coisas que nós, verdadeiras motociclistas nunca deveremos ser!
Aqueles "cabeções" cor de rosa, parecem ter saido da série de TV Power Rangers!






Encontros Motociclísticos
As falsas motociclistas odeiam esse ambiente.Acham tudo horrível!Reclamam da comida, das barracas de acessórios, dos trajes usados por nós, das bandanas amarradas por todo corpo e ao chegarem começam a contar os minutos para irem embora, sem contar que, muitas vezes vão de botas de salto e não aguentam de dor no pé, ainda mais se o encontro for de grande dimensão. Realmente não é fácil para ela ficar acompanhando o marido ver cada detalhe das 100 ou 200 motos interessantes que estão no encontro...Haja pé e paciência!


 O desconforto ou síndrome da bunda quadrada
Depois de alguns KM de viagem, nosso corpo começa a dar sinais de cansaço...O principal deles é um desconforto conhecido por nós motociclistas de verdade como “síndrome da bunda quadrada”. É natural que as iniciantes sintam isso com mais intensidade, para elas a dor parece anormal...Para nós motociclistas, essa dor também é de grande intensidade: Quanto maior é a dor, mais longe de casa estamos e mais KM estamos rodando!YES!!!
Já vi algumas dessas mulheres até chorarem de tanto desconforto, na verdade elas não suportam pensar que quando descerem da moto sua bunda estará absurdamente quadrada naquele jeans ultra-caro que comprou naquela loja superfamosa no exterior.



Condições climáticas
Meu tópico preferido!!!
As falsas motociclistas gostam apenas de sair em dias de sol, porém com baixas temperaturas para não transpirar no capacete e nem na jaqueta, pois fazem questão de estarem sempre perfumadas e com a sensação de Lux Luxo (banho tomado)!rsrs
Nós , mulheres  motociclistas de verdade, também amamos essa sensação....Mas não nos importamos se ficarmos com um cheirinho de estrada...Afinal, faz parte!
As falsinhas odeiam o frio intenso e a chuva....Se pegarem chuva na estrada, adeus!Nunca mais sobem na moto, xingam até a oitava geração da família do marido que insistiu para que ela o acompanhasse especialmente por estarem completando suas bodas de madeira naquele que seria um lindo dia de sol...Bem, a previsão do tempo ás vezes falha!
No frio...coitado do marido!Ele pede gentilmente para que sua esposa o acompanhe até o Tricustom, o Enconto Nacional de Triciclo e Moto Custom de Serra Negra. Aquela região é bem fria nessa época e ela começa a reclamar do clima na estrada.Lembrando que ela já chega irritada por estar com a síndrome da bunda quadrada, pegando um vento que seu capacete cor de rosa não conseguiu conter, com fome , sabendo que não terá nenhuma barraca com produtos light ou diet, estressada porque perdeu seu elástico de cabelo na estrada e ele ficou todo embramado e opaco!Seria o fim pra ela se não tivesse encontrado umas lojinhas de artesanato super legais no centro da cidade na hora em que o marido foi tomar uma no bar com os amigos que encontrou por  lá, sem contar a jaqueta caramelo de couro que encontrou por um preço ótimo e combinaria perfeitamente com a bolsa e a bota de bico fino!Ufa!O marido teve seu momento de glória ao ver a mulher deixá-lo beber e bater papo no bar enquanto feliz gastava seu dinheiro!
Mas toda essa alegria dura pouco, já que é chegada a hora de partir...O stress toma conta dela novamente, embora esteja agora mais agasalhada com a jaqueta caramelo, cabelo preso em tranças para dificultar a ação do vento, porém, o capacete cor de rosa ainda judia....o vento insiste em passar por ele...a bolsa que agora está cheia de coisinhas fofas para a decoração da casa pesa... ela chega a chorar de raiva e promete mais uma vez a si mesma que nunca mais vai acompanhar o marido...

O colete
O marido resolve entrar para um Moto Clube por influência de alguns amigos, no começo ela não gosta nada da ideia, já que está cada vez mais convencida de que não nasceu para ser motociclista.Mas logo se anima, pois, o marido conta que algumas mulheres fazem parte desse MC e acompanham seus maridos em reuniões e eventos.
Na primeira reunião ela chega toda feliz, até leva os filhos para que possam de divertir e fazer traquinagem com as outras crianças.
Mas ao ver o modelito usado pelas integrantes do MC...a decepção: Sim!Elas usam coletes!
A falsa motociclista odeia colete e quando usa, usa com uma certa obrigação e diz que é uma peça que não combina com nada, então se decepciona mais uma vez....


A Conclusão
Depois de todas essas situações, finalmente ela chega a conclusão de que não nasceu pra isso.Ela percebe que para ser motociclista tem que gostar muito e estar preparada para qualquer situação que o estilo de vida apresentar.Pena que algumas ainda insistem "poluindo" o nosso meio.Essas demoram mais um pouco, são persistentes, mas chega uma hora que não dá mais...Logo entendem que sair de moto só para agradar o marido é uma grande roubada e que ninguém se torna motociclista...As pessoas já nascem motociclistas...Tá na veia....Tá no sangue....Tá no espírito easy rider de ser!
Mas já vi algumas também que começaram mal e hoje são motociclistas de verdade...Mas são beeeem raras, porém, existem!Acredito que essas conseguiram despertar a motociclista que vive dentro delas!
Nós motociclistas de verdade, não temos frescura, somos femininas sim, claro, afinal somos mulheres, mas não nos importamos em dormir em barraca, acampar no escuro, ficar com os cabelos embaraçados,transpirar debaixo da jaqueta de couro, tomar banho gelado nos encontros ou adquirir frequentemente a síndrome da bunda quadrada. Nós temos prazer em usar nossos coletes que contam nossa história pois vivemos assim, nosso estilo de vida é esse, é para isso que estamos aqui, afinal, nascemos motociclistas e isso não foi por acaso.

Ju Albuquerque – Motociclista de verdade!